quinta-feira, junho 28, 2007

universidades ajudam na reinserção social do idoso

Além das igrejas e das alternativas de bairro, instituições de nível superior, como a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e as Faculdades Integradas Olga Mettig ajudam a inserir o idoso na sociedade. As instituições oferecem cursos e oficinas, cujo desenvolvimento eleva a auto-estima e melhora as relações humanas dos mais velhos. Uma recente pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que existem 25 mil pessoas com mais de 100 anos de idade no Brasil. Esses números apontam para a necessidade do surgimento de projetos voltados ao melhor convívio social do idoso.
A Universidade Aberta à Terceira Idade (UATI) é um programa ligado a Pró-Reitoria de Extensão da Uneb. Conforme a pedagoga e vice-coordenadora do programa, Sônia Bamberg, os resultados são positivos. “Aqui se encerraram inúmeros casos de inibição, depressão e falta de amizades e comunicação social”, diz. Os pré-requisitos são a idade mínima de 50 anos e uma contribuição mensal de R$10,00, mas existem casos especiais. A desempregada Maria Francisca dos Santos, 47 anos, há seis no curso, devido a sua baixa renda, ficou isenta da taxa. “Depois da UATI melhorei meus problemas de saúde, não passo fome e tenho muitos amigos”, afirma.
O fato de dispensar a mídia para a divulgação do programa não compromete sua demanda. “Atualmente, temos 600 alunos e mais de 300 em espera”, entusiasma-se Sônia Bamberg. Para a vice-coordenadora do programa, os comentários boca-a-boca surtiram efeito além do esperado. “Somos obrigados a encaminhar alguns candidatos a grupos de convivência das comunidades locais”, revela. A preferência da UATI é atender aos idosos de baixa renda, residentes na região do bairro do Cabula, como a aposentada Selma Barreto, 64 anos, moradora do bairro da Engomadeira. Conforme sua filha, a universitária Andréa Barreto, 26 anos, a principal melhoria percebida na sua mãe, após o ingresso na UATI, no ano de 2000, foi a desinibição.
As atividades oferecidas pela Faculdade Livre da 3ª Idade (FLTI), um curso de extensão universitária das Faculdades Integradas Olga Mettig, têm o objetivo de atualizar o conhecimento. De acordo com a pedagoga, gerontóloga social e coordenadora do programa, Maria Lúcia, a FLTI não segue padrão ou currículo determinado. “Nosso intuito é fazer o idoso descobrir novas habilidades e desenvolvê-las”, diz. Para a pedagoga, o relacionamento com pessoas da mesma geração, torna o ancião mais dócil e sociável.
A gerontóloga social Maria Lúcia aponta o vazio e a solidão como fatores relevantes para a busca do idoso por grupos de apoio. “Há depressão que causa isolamento, doenças e óbitos precipitados”, afirma. Na FLTI, em 13 anos de existência, o número de falecimentos não chega a 10 alunos, em turmas de 170, em média. Outro fato considerável nos programas para a terceira idade é a predominância do sexo feminino. “Apesar da menor aptidão à solidão, o homem é, naturalmente, mais refratário a certos movimentos”, define Maria Lúcia.

domingo, junho 17, 2007

comprando e transando: a tradução

Ao sair do teatro, após assistir à peça Shopping and Fucking, dirigida por Fernando Guerreiro, o espectador tem a sensação de despertar de um estado de transe. A sociedade hipócrita em que se está inserido o empurra para tal. Após uma análise mais fria e sensata, é que se chega ao verdadeiro teor da proposta apresentada na obra.
Shopping and Fucking é montada a partir de um texto duro e crítico de Mark Ravenhill. Um dos mais polêmicos escritos na década passada. Com objetividade e sem meias palavras, critica ferozmente essa conjuntura humana atual, sustentada apenas pelas relações de consumo exacerbado. É como se fosse um processo de “coisificação” do homem. Tudo é “comprável”: as emoções, os sentimentos, as necessidades, os desejos.
A direção precisa e incontestável de Guerreiro dá a medida exata do espetáculo. Ele usa e abusa do sexo, não para falar de sexo, mas de consumo e dependência, questões enraizadas e inerentes ao ser humano. Outro ponto relevante foi não ter aderido à “baianização” da situação e suas peculiaridades, fugindo do ridículo.
Os atores estão na média. Boa média, por sinal. Jussilene Santana, segura e flutuante é o destaque, ao lado de Celso Jr., com suas aparições surpresa, e não menos pontuais e importantes. Apenas o mais jovem e promissor ator, Emiliano D’Ávila, ainda não alcançou a precisão e tom dos companheiros. Um carro de modelo bem antiquado é o comandante do cenário. Aliás, nada melhor do que um automóvel (apesar de chutado e mal tratado!), o símbolo mor do “capitalismo selvagem”, parafraseando os Titãs.
O âmago do espetáculo é detonar o comportamento das sociedades contemporâneas, que põem em pé de igualdade as dependências humanas: sejam elas físicas ou emocionais. E o
interessante é a forma de abordagem do assunto. É preciso sensibilidade, percepção e preocupação com o que acontece ao redor, para compreender o cerne da questão. O que está explícito na encenação é um grupo de pessoas balbuciantes e meio sem norte. Ávidos por sexo e drogas, e fazendo disso a base de suas vidas, os personagens de Shopping and Fucking transam e transam muito. O que talvez incomode os mais conservadores e desavisados é a riqueza de detalhes sugeridos em tais cenas.
Por abordar temas comuns aos seres humanos em geral, pode-se definir a peça como algo existencialista e universal. A iminente discussão sobre a realidade que ela oferece deve ser avaliada com alto grau de rigor, visto que o panorama do vale-tudo presente no mundo moderno é algo angustiante e longe de agonizar.

quinta-feira, abril 05, 2007

trio elétrico armandinho, dodô & osmar e o frevo baiano

Quem foi o primeiro cantor de trio elétrico? A primeira pessoa a emprestar sua voz aos frevos instrumentais que eram executados nos trios elétricos, na década de 70? O cantor, compositor e instrumentista baiano Moraes Moreira, que completa 60 anos de idade em 2007, foi o tal. Após sua saída do grupo Novos Baianos, partiu, em 1975, para a carreira solo, dedicando-se, principalmente, ao carnaval da Bahia, cantando e colocando letras nos frevos instrumentais da dupla Dodô & Osmar, como Pombo Correio. Em meados dos anos 80, já reconhecido e consagrado devido ao sucesso de músicas como Chão da Praça, resolveu afastar-se do carnaval por entender que a festa estava entregando-se demais à sedução comercial e perdendo a essência.
Mesmo com a ausência de Moraes, o carnaval continuou. Dodô e Osmar, que há 55 anos inauguraram as tocatas, deram prosseguimento à sua invenção mirabolante e à adaptação do frevo pernambucano ao carnaval baiano. Aliás, o ano de 1975 foi o momento do retorno deles à festa de Momo, após longa pausa; e, quando conseguiram, enfim, gravar seu primeiro disco. O título Jubileu de Prata remetia aos 25 anos da invenção, de fato, do trio elétrico (um Ford 29, bem diferente do modelo contemporâneo).
Após 40 anos de parceria musical, Dodô morre, em junho de 1978, e deixa a cargo de Osmar levar ainda mais adiante a criação da dupla de baianos. A partir da década de 80, surge a participação do (há tempos promissor) guitarrista Armandinho. Agora fica “Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar”. Com o passar dos anos, o trio não se fechou às novas tendências musicais e incorporou na sonoridade do conjunto a batida dos blocos afro e afoxés e músicas de outros compositores, como o cearense Fausto Nilo e o baiano Walter Queiroz.
Com a forte consolidação da chamada Axé Music, no início dos anos 90, eles param com o lançamento anual de discos. Em 1996, recebem uma justa homenagem de vários artistas, com a gravação de um CD, contendo grandes sucessos da dupla. Participam do projeto Moraes Moreira, Alceu Valença, Elba Ramalho, Daniela Mercury e Asa de Águia, dentre outros. Em 1997, Osmar Macedo vem a falecer. Mesmo sem a força de outrora, sob liderança de Armandinho, a família Macedo ainda mantém acesa, no carnaval da Bahia, a chama da dupla Dodô & Osmar.

quarta-feira, abril 04, 2007

exposição fotográfica dá vez aos invisíveis


O cerne da Mostra de Fotojornalismo Ruas Vivas é dar cara a anônimos que compõem o cenário urbano da capital baiana. Em cartaz no Memorial da Câmara Municipal de Salvador até o dia 13 de abril, a exposição apresenta 65 imagens de ambulantes, pedintes e transeuntes comuns, feitas pelos alunos do curso de Jornalismo da FIB (Centro Universitário da Bahia). O trabalho envolveu mais de 50 estudantes e foi realizado entre setembro e dezembro de 2006, como atividade da disciplina Fotografia Jornalística I.
O fotojornalista Paulo Munhoz, professor e responsável pela curadoria, explica que o mote do trabalho é provocar no discente um olhar crítico sobre o mundo em que vive e convertê-lo em texto jornalístico imagético. “Alguns alunos nunca tinham caminhado pelo Centro de Salvador. Esse exercício lhes revelou que as ruas possuem vida própria e tramam enredos que fogem ao nosso olhar”, diz. O nome Ruas Vivas nasceu, justamente, da idéia primordial do projeto. “Transformar coadjuvantes em protagonistas, atores essenciais à vida urbana, a sua existência econômica e estética”, define a acadêmica e uma das coordenadoras da exposição, Cláudia Correia.
Realizar um trabalho fotográfico, onde os atores estão desacostumados com o papel principal, é uma tarefa árdua, mas gratificante. “Após fotografar em vários locais da cidade, como Barris e Calçada, foi divertido conversar com um mendigo e até fugir de um louco”, conta a aluna e fotógrafa Sheiliane Silva. Embora não existisse um delimitador de região, a maioria das fotos foi realizada no Centro da cidade e nas periferias. “Nos bairros, cujos moradores têm condições financeiras mais elevadas, esses personagens foram banidos. Restaram ruas assépticas e maquiadas”, explica Munhoz.
Na exposição, há imagens sob vários ângulos e concepções, que carregam seus discursos próprios, além da imagem pura. Fotos mais densas, como a de uma mulher, sentada em um banco no Campo Grande, delirando com uma chaga na perna, de Sheiliane Silva; mais leves, como a de um vendedor que cochila ao lado das bolas, feita por Clarissa Avelar; e transcendentais, como a de uma mulher negra, lavando roupas no Parque do Abaeté, acompanhada por sua filha, realizada por Cláudia Correia.
A mostra já tinha sido exposta na própria FIB, mas a intenção dos organizadores era ampliar os horizontes do trabalho. “Ao atravessarmos os muros da faculdade, cumprimos com o dever de disseminar os trabalhos acadêmicos para a comunidade”, frisa Munhoz. O museólogo e responsável pelo Memorial da Câmara Municipal, Afrânio Simões, cedeu o espaço devido à ligação direta do projeto com a cultura da capital baiana. O funcionário público Edvan Miguez, um dos visitantes da mostra, considerou relevante a exposição: “São belas fotos que contemplam fielmente a Salvador dos esquecidos e excluídos, principalmente pelos órgãos oficiais”, comenta.

implantação da universidade nova carece de debate

O ensino superior no Brasil é alvo de mais uma discussão. A proposta do reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Naomar de Almeida Filho, denominada Universidade Nova, vai além daquela já apresentada, desde 2003, pelo Ministério da Educação (MEC), cuja ênfase é mais política que acadêmica. O objetivo é modificar a base, visando a uma transformação radical na estrutura da arquitetura acadêmica da educação superior brasileira. Durante a aula inaugural da FIB (Centro Universitário da Bahia), no último dia 7, às 19h30, no Centro de Convenções da Bahia, Naomar exibiu os limiares de sua moção, que possui questões inovadoras, mas deixa alguns questionamentos em aberto.
A estrutura curricular confusa, com um sistema de títulos desarticulado e numerosas qualificações são aspectos bastante peculiares do modelo curricular atual. A Universadade Nova baliza e minimiza tais problemas, porém não os resolve. No modelo presente nas universidades, o estudante pode obter uma formação superior com licenciatura ou bacharelado. Isso sem contar as habilitações, ênfases, e o mais recente diploma de tecnólogo. Há também as denominações profissionais diretas (médico e dentista, por exemplo), especialização, mestrado, MBA (?!) e doutorado. Essa enxurrada de intitulações é maléfica para o profissional. “Há risco de isolamento intelectual e até recusa em alguns países desenvolvidos, devido à incompatibilidade dos títulos”, pondera Naomar.
A Universidade Nova tem a proposta de dar outra cara à estrutura curricular dos cursos profissionais, baseada nos dois grandes modelos mundiais: o norte-americano e o europeu. Bacharelado Interdisciplinar (BI) é a denominação que substituiria a graduação atual. O BI teria a duração de 3 anos e seria dividido por 4 grandes áreas do conhecimento: humanidades, artes, tecnologias e ciências, esta, sub-dividida em mais 5 grupos (da matéria, da vida, da saúde, da sociedade e sociais aplicadas). Para dificultar ainda mais, o BI poderá ter 3 formações (geral, diferencial e profissional) e um curso tronco, cada um com suas inúmeras especificidades e características. Outro agravante: a proposta inova, mas não simplifica a organização curricular.
O projeto idealizado pelo reitor da UFBA busca solucionar evidentes problemas no ensino superior. Precocidade na escolha da profissão é um item nulo com a implantação do BI, já que o aluno tem 3 anos para decidir-se, estando já no âmbito acadêmico. O BI também extingue a formação tecnológica-profissional e inculta, favorecendo o fomento à cultura, devido à amplitude das disciplinas oferecidas a todos os alunos. Outra questão fundamental é a flexibilização curricular. “O estudante pode construir seu currículo e evitar decepções. Isso visa a diminuir a taxa de evasão escolar que é de 40% nas universidades públicas”, diz Naomar.
O reitor da UFBA considera “primitivo” o atual processo seletivo e fala em ajustes. É difícil discordar dessa rudimentariedade, entretanto não é apresentado, concretamente, o substituto do traumático vestibular, e nem como seriam as seleções internas. Outra lacuna é a exclusão das faculdades particulares (grande maioria em Salvador, diga-se de passagem) do projeto, que só prevê as instituições públicas. Não há um motivo explícito para isso. Em relação ao sucesso da aplicabilidade do projeto, há uma questão curiosa: a Universidade Nova é uma homenagem ao educador Anísio Teixeira. Na sua explanção, Naomar também cita o ex-reitor da UFBA, Edgar Santos. Juntos, formam um trio de profissionais de prestígio e todos possuem formação baseada naquele modelo da universidade de Coimbra...! Diz-se que a esperança é um risco que se precisa correr, portanto é esperar para ver.

quinta-feira, março 08, 2007

público x privado: há limites?

Ontem, por volta das 21h, saí do Centro de Convenções, onde assisti à aula inaugural da FIB (aula magna). Saí contente, apesar de ter que caminhar até a entrada (ou saída, depende do ponto de vista!) do bairro da Boca do Rio para pegar o buzú, pois o tema - Universidade Nova - foi muito bem ministrado pelo seu idealizador, o Reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBa), Naomar de Almeida. Infelizmente, a discussão apresentada no título nada tem a ver com a proposta de reestruturação das universidades brasileiras, que suplica por um necessário debate, mas inicia-se justamente no momento em que adentrei o ônibus.
Ao registrar meu Salvador Card e empurrar o torniquete, estranhei a ocupação regular dos assentos, exceto um par do lado direito próximo à porta de saída. Resolvi (como quase nunca faço) duvidar daquele ditado, "quando a esmola é grande, até o santo desconfia", e caminhei até o banco, crente que estava "abafando". Mais dois passos e vi a cena horripilante, mas não muito incomum aos passageiros de transportes coletivos: um vômito já ressecado, que deixou resquícios no assento e um "sopão" no chão. Assumo que é uma descrição bem asquerosa, entretanto necessária para compreendermos a situação.
Pois bem. Como o diabo corre da cruz, fugi daquele troço fedorento! Dei meia-volta e fiquei de pé mesmo, próximo ao cobrador, observando a cena, as pessoas e imaginando o que escrevo agora.
Problemas a circundar nossa sociedade são inúmeros, um deles, que parece imperceptível à maioria dos indivíduos, é a confusão entre o que é público e o que é privado. Vale frisar que é mais um problema ligado ao originador de todos os outros: falta d educação. Na minha explicação, baseada somente no meu "achismo", mas que suponho haver sentido lógico, serei bem objetivo. Há que se entender algo básico - e talvez por isso passe sem o devido crédito - que o que é de uso público não quer dizer que não tenha dono, mas que todos somos os "donos". Portanto ao usarmos algo público, devemos sempre pensar coletivamente, no outro que vem depois. Diferente de algo privado. Aí já é problema estritamente seu. Se em uma viagem, você sente um mal-estar e quer vomitar, vomite no interior do seu carro! Afinal de contas, ele é seu, particularmente seu, só seu. Faça o que quiser e arque com as conseqüências.
Porém, a maioria não absorveu essa lógica ainda (talvez, nunca!). Muito pelo contrário! No ônibus, que apesar de pertencer a empresas privadas é de uso público, o enjoadinho de plantão não faz cerimônia: arreganha a boca e despeja sua porcariada dentro do veículo, que várias pessoas distintas usam ao mesmo tempo. Se a ânsia de vômito viesse quando essa mesma pessoa estivesse dentro do seu carro particular, sabe o que ela faria? Abriria a porta e expeliria tudo na rua.... que é pública e não tem dono.

mais um carnaval

É a minha volta ao blog, que estava em transe diante das minhas férias (da faculdade somente, diga-se de passagem!). Esse texto, obviamente, está sendo postado atrasadíssimo.... escrevi para o programa 1/2 Hora de Música do Colégio Módulo, onde preparamos um especial para o carnaval. Foi o último e fala, justamente, do carnaval 2007.

Todos os anos o Carnaval de Salvador tem uma novidade. Nada programado, nada formulado ou planejado. É, simplesmente, mais um endossamento daquele velho, mas infalível ditado: “baiano não nasce, estréia”. Pois é, depois do boom do Afrodisíaco (atual Vixe Mainha) no ano passado, quem imaginava alguma surpresa em 2007? A sensação do momento atende pelo nome de Motumbá, o refrão de sua música repete incansavelmente a palavra “bororó”, e é capitaneada pelo ex-timbaleiro Alexandre Guedes. Assim funciona o vulcão do Carnaval de Salvador, sempre a derramar novas lavas.
E tem mais: após dois anos afastado (e muito burburinho), Caetano Veloso está de volta à folia de Momo. E com a corda toda. Vai liderar, ao lado de Jauperi (ex-Olodum e, recentemente, Vixe Mainha) um trio independente com nome homônimo ao novo filme de Monique Gardenberg, baseado em uma peça do Bando de Teatro Olodum, Ó Paí, Ó. Inclusive ele assina, em parceria com Davi Moraes, a composição da canção também homônima ao filme. Já está confirmada a presença do ator baiano Lázaro Ramos, que integra o elenco do longa, a ser lançado ainda em março. O compadre Gilberto Gil tem cadeira cativa na festa, como é de praxe, com seu Expresso 2222. Entre os convidados ilustres: os carioquíssimos Lulu Santos, Toni Garrido e Sandra de Sá, e uma justa homenagem à cantora baiana Margareth Menezes.
Sempre desinteressada por fórmulas musicais, que visam exclusivamente o consumo fácil, Daniela Mercury ataca – como raramente faz – de compositora e assina, em parceria com Manno Góes (do Jammil), sua canção de trabalho para este carnaval: Quero A Felicidade. Uma canção ritmada que preza o otimismo e a esperança. Após o cinema nacional, em 2006, a baiana elétrica vai vangloriar as culturas populares do Brasil neste carnaval. A homenagem será dividida por regiões. Daniela vai cantar forró, música eletrônica, e até canções ligadas ao folclore brasileiro para um baile infantil, vestida de “Nega Maluca”.
O inquieto Carlinhos Brown não fica por menos. O multiartista baiano apresenta o Baile do Bloco Parado e o Pipocão. Com o intuito de atrair o folião “família”, ele promete fazer do Museu du Ritmo (antigo Mercado do Ouro), no Comércio, um novo circuito do carnaval. De sexta a terça se apresentarão por lá, artistas como Margareth Menezes, Babado Novo, Timbalada, Zélia Duncan, Daniela Mercury, Chico César, dentre outros. Na segunda-feira de carnaval, Brown comanda seu trio independente, onde os foliões poderão usar tiaras em forma de pipoca. Mais uma alfinetada de Brown em seu constante discurso em prol da democratização do carnaval.

quinta-feira, novembro 23, 2006

erasmo tem razão



Esse texto, como de costume, é uma exigência da disciplina lecionada por Mari. Fizemos, numa agradável tarde de sábado, uma visita ao Museu de Arte Moderna (MAM), onde está havendo uma exposição sobre Carmem Miranda. Mari pediu que fizéssemos postagens (no blog www.oquequeabaianatem.blogspot.com) relacionadas ao que vimos na exposição. Meu texto faz uma relação sobre o patamar alcançado pela "Pequena Notável" e o fato de ser mulher. Uma nítida "desconstrução" ao abominável rótulo de "sexo frágil".

Eu sou um defensor das mulheres. Um defensor nato. Das mulheres e dos cães (animal fantástico, mas sobre estes vou falar em outra oportunidade). Elas são, naturalmente, o oposto do que foi convencionado ao longo dos tempos: sexo frágil. Nunca percebi em minha mãe, por exemplo, limitações distintas das encontradas no sexo oposto (salvo nos casos em que nos homens era pior!). Não me recordo de ter notado em minha namorada, em qualquer situação - física ou emocional - alguma insignificância em relação a mim. Por essas e outras, vai por terra essa convenção démodé (assim como esse termo, que fui buscar não sei aonde e nem sei se está grafado corretamente!). Um sublime exemplo da magnitude do "ser mulher" foi batizada como Maria do Carmo Miranda da Cunha e atendia por Carmem Miranda. Uma "portuguesinha" de nascimento, brasileira de coração e baiana por adoção (afinal de contas, "baiana" era a caracterização oficial dos seus trajes!). Exígua na estatura, soberana na veia artística. Provou durante alguns anos - poucos, porém intensos - a grandeza da feminilidade sem rival. Vi em algum momento da Exposição no Museu de Arte Moderna (MAM), dedicada à musa, uma passagem que afirmava que ela foi e ainda é a mulher brasileira mais conhecida pelos terráqueos (e marcianos e...). Não sou um "reacionário" de plantão. Desses que dizem que tudo, antigamente, era melhor. Nem tudo, mas.... Demos à César o que é de César. Atualmente muitas (infelizmente são mulheres contemporâneas as que mais se submetem a tais situações) atrizes-modelos-dançarinas almejam o sucesso. Não aquele abarcado por Carmem Miranda, que ganhou o mundo, mas o sucesso no seu sentido mais reles: efêmero e sem recheio. A Pequena Notável, que era uma gigante no palco, transitou pela terra do Tio Sam, em anos dourados, com honras de rainha. Conquistou público e crítica norte-americanos exportando, com orgulho imponente, arte brasileira. Durante tempos viu os Estados Unidos curvarem-se e reverenciarem-se a ela, após suas apresentações inigualáveis. O vídeo exibido no MAM apresenta um momento ímpar na vida dessa artista de mão cheia. O momento do fim. Desta vez, em sua derradeira aparição, foi ela quem ficou de joelhos para a platéia (sempre e sempre a aplaudi-la). Infelizmente (pelo menos para nós, que a perdemos) aquele arrear não era de agradecimento (ou era?!), mas de demissão. Um ato involuntário que se tornou simbólico. Ao ser erguida, não perdeu, jamais, a pompa. Mão direita no umbigo (quase sempre à mostra!), esquerda ao léu, sorriso largo e marcha-a-ré. "Adeus batucada". E ainda dizem que a mulher é o sexo frágil??? Erasmo estava certo: "mas que mentira absurda"!

segunda-feira, novembro 06, 2006

uns mais iguais que os outros

Esse tem a ver com a disciplina Jornalismo Especializado I. Mesmo não sendo obrigatório, resolvi escrever, pois me empolguei com o assunto.


Às vésperas de sua despedida da Timbalada, o vocalista Ninha, ao comentar sobre Carlinhos Brown, disse algo real e interessante: "Ele está sempre na frente, sempre reinventando, quando você pensa que vai pegar no calcanhar dele, já deu mais um passo". O motivo de apresentar essa passagem da entrevista de Ninha é para fazer uma analogia entre a relação da Rede Globo e suas "concorrentes" (concorrentes?!). Mais precisamente, os debates envolvendo os candidatos a presidente em 2006. É a mesma coisa. Imaginava-se, como na maior parte dos outros, um debate enfadonho (o que não deixou completamente de ser), mas a maior emissora do país inovou e renovou, como faz o já citado artista baiano. Supunha-se que por ser o último debate (e desta vez quase todas as emissoras apelaram para a discussão televisiva com a duvidosa desculpa de favorecimento à democracia), descambaria ao fracasso, ao cansaço. Mas não. Sob novo feitio e enfeites tecnológicos, o debate apresentou os dois candidatos à vontade no palco, livres para circular e sentar (e se entreolhar, e se encarar). Willian Bonner, o mediador, esbanjou competência, comando e objetividade desde a apresentação das regras (e pelo que declarou ao final, era uma estratégia da emissora para não ultrapassar o horário legalmente permitido). Sob uma pesquisa do Ibope, 80 eleitores indecisos de todas as regiões do país, compuseram a platéia e conduziram a discussão a partir dos seus questionamentos, frente-a-frente com os presidenciáveis. Desta vez, os jornalistas (da respectiva emissora organizadora do debate), nem estavam lá para dispararem suas perguntas aos candidatos, o que deu até saudade, devido ao que foi ouvido. Não é responsabilidade direta do presidente se "o meu patrão não assinou minha carteira", ou se "em minha casa entra água quando chove". O rebolado dos presidenciáveis trouxe essas e outras questões para o universo da discussão prevista. Esse formato apresentado pela Globo (talvez, ou, certamente, sem intenção) propiciou a estratégia de Lula, pois obrigou os candidatos a falarem sobre planos e propostas de governo. Ainda assim, Alckmin não titubeava em atacar o governo atual e seu partido, em qualquer oportunidade possível. O tempo mais curto para as respostas tornou o debate menos consistente, mas mais diligente. Conseguiu, sem muito esforço, manter o espectador aceso, frente à televisão (até aquela hora!). Foi o melhor debate. Teve a dose certa entre afronta e respeito, delações e reconhecimentos entre os candidatos. Apesar do olho-no-olho, pega-pega, risadinhas e tom meio irônico, o âmago entre os debates foi o mesmo: o petista convence pela verdade (a quem interessar possa) e o tucano pela oratória (a quem, também, interessar possa). Como dissera os Engenheiros do Hawaí, os debates envolvendo os candidatos a presidente, no fundo, foram "todos iguais, tão desiguais, uns mais iguais que os outros..."

mais do mesmo

Esse texto é uma obrigação da disciplina Jornalismo Especializado I. Fazer uma análise sobre o debate da Record.

O título do texto é uma alusão a uma canção da saudosa Legião Urbana, que retrata, exatamente, o que ocorreu no debate presidencial promovido pela Rede Record: mais do mesmo. A começar pelos mediadores. Exceto Ricardo Boechat, da Band, os outros foram da poderosa e maldita (pela própria classe jornalística) Rede Globo. Ana Paula Padrão, do SBT, Celso Freitas, da Record e hoje, claro, Willian Bonner, da própria Globo. O alvo deste texto será sempre o último debate, porém refere-se a todos os anteriores. Pois bem. As repetições começaram no formato, idêntico aos outros. Mediador no centro, os candidatos postados, cada um, à direita e esquerda do apresentador. Platéia arrumadinha (às vezes nem tanto) à frente de tal cenário, munida, dentre interessados diretos (políticos e organizadores de campanha) de jornalistas especializados, ávidos para questionarem os presidenciáveis da vez. Celso Freitas, então, anuncia as mesmas regrinhas castradoras. Regras elaborados para um robô programado responder, ou exigir que enquanto o candidato responda, faça uma contagem regressiva mentalmente para se situar. Convenhamos que o tempo (pelo visto, regra geral e imutável) de 2 minutos é curto, tanto que quase sempre é estourado pelos falantes. A temática do debate da Record foi a mesma: Alckmin nunca fala de planos de governo (o grande objetivo de um debate), só de denúncias e problemas relacionados ao partido que o presidente-candidato Lula é filiado. Até as respostas do atacado são as mesmas: apuração, será feita apuração e punição aos merecedores. O comportamento dos oponentes também é o mesmo. O petista um pouco mais nervoso, tenso e com discurso guiado pela emoção, e o tucano mais equilibrado, estratégico (?!) e dramático no sentido cênico. Parecia estar em um eterno teste para novelas. Talvez pelo fato de estarmos próximos às eleições, esse confronto perdeu em agressividade. Não que essa seja uma característica primordial em tais eventos, mas, com certeza, desperta o telespectador na sua poltrona. O falatório repetitivo e monótono deu o tom do debate. Geraldo e sua política à moda antiga, de discursos prontos, enfatizando os temas de modo geral (vou melhorar a educação, vou aumentar o emprego, vou melhorar a saúde....), quando o faz, e insistindo que tudo está péssimo no governo Lula. O petista, indiscutivelmente mais carismático e menos "malandro", seduz pela estampa verdadeira, humilde e projetos reais, mas enjoa com as comparações a outros ex-presidentes. Para quem assistiu aos outros debates, esse tornou-se pouco proveitoso. Para não ficarmos bitolados somente nas igualdades entre os debates, teve, pelo menos, uma distinção. A Record colocou a contagem regressiva na tela, certamente para demonstrar credibilidade ao telespectador quanto ao fiel cumprimento dos prazos pré-determinados (ainda que a decorrência do tempo seja mais importante para o candidato visualizar). Sem muita ilusão, de diferente mesmo foi só isso! Sobre o ocorrido no debate, finalizo com o que diz o slogan da campanha publicitária (que ele caracterizou como "desperdício") do candidato tucano: nem mais, nem menos, apenas os fatos.

segunda-feira, outubro 30, 2006

minha casa


Estive recentemente na Concha Acústica prestigiando o show do magnífico maranhense Zeca Baleiro. Isso me lembrou reouvir os discos dele (tenho os 5, e ainda aquele em parceria com Fagner). Considero-lhe, ao lado do pernambucano Lenine, do paraibano Chico César, do baiano Carlinhos Brown, dentre outros, um dos ícones da música brasileira. No deleite da canção "Minha casa", dele próprio e faixa de abertura do CD "Líricas", percebi, como acontece em muitas outras músicas, uma identificação ímpar comigo. Resolvi postar. É uma canção sobre realidade e como diz o autor: "de esperança, apesar do aparente desencanto".

é mais fácil cultuar os mortos que os vivos
mais fácil viver de sombras que de sóis
é mais fácil mimeografar o passado que imprimir o futuro
não quero ser triste
como o poeta que envelhece lendo maiakóvski na loja de conveniência
não quero ser alegre
como o cão que sai a passear com o seu dono alegre sob o sol de domingo nem quero ser estanque como quem constrói estradas e não anda
quero, no escuro, como um cego, tatear estrelas distraídas
amoras silvestres no passeio público
amores secretos debaixo dos guarda-chuvas
tempestades que não param
pára-raios quem não tem
mesmo que não venha o trem, não posso parar
vejo o mundo passar como passa uma escola de samba que atravessa pergunto onde estão teus tamborins
sentado na porta de minha casa
a mesma e única casa
a casa onde eu sempre morei

segunda-feira, outubro 16, 2006

vivo

Já a algum tempo sem postar, vou colocar outra letra de música. Antes, um comentário a respeito não da letra que vou publicar, mas sobre música em si. Certo dia, na faculdade, aula de Mari, determinado assunto trouxe à tona a questão da aquisição de CD's. A professora foi incisiva e, aparentemente, convicta da resposta, quando perguntou: alguém aqui ainda compra CD? Todos negaram, inclusive eu. Ela obteve a resposta que imaginava. Mas eu não quis, ou não tive coragem, ou não estava a fim mesmo de polemizar. Eu compro CD. E muito. Eu coleciono e só compro original, na loja. Sei lá, acho que herdei isso da minha mãe (se é que é possível haver genética nesse assunto). Minha mãe faleceu há sete anos (precisamente dia 23 de agosto de 1999), mas até lá, ela colecionava vários apetrechos: selos, pedras raras, moedas, livros, filmes e discos. Hoje dou continuidade. Atualizei (afinal, sou da era do CD e DVD!) e ampliei apenas as coleções de discos e filmes. Vergonhosamente, a de livros, enxuguei. As outras, sem dó, extingui. Pra quem tem esse espírito de coleção, só vale o original, o completo. Só ouvir a música, por ouvir, não é interessante, ou completamente satisfatório. Eu quero a obra completa, a história musical, os compositores, as parcerias, os músicos envolvidos.
Coletânea, não compro. Monto, de acordo com a minha preferência, apenas para colocar no carro. Coletânea não é gostar do artista, mas dos sucessos daquele artista. Assim é fácil! E nem sempre o fácil me seduz. Pra quem coleciona, o encarte, o cheiro de novo são fundamentais. A busca pela obra completa, é tudo. Um dos meus motivos de viver, um dos meus maiores prazeres, sem hesitar ou pestanejar, é a música. E CD, só original!
Agora vai uma canção de Lenine e Carlos Rennó, que está no disco In Cité, de Lenine, gravado ao vivo na França em 2004 (é difícil encontrar um "piratão" desse álbum!). Chama-se "Vivo" e, sob o jogo e malabarismo com as palavras, tão peculiar de Lenine (influenciado, sem dúvida, por Gilberto Gil) fala sobre a essência de um ser humano, no caso eu, pois me apossei da música. Até porque a arte está aí para adequarmos a nossa interpretação.

precário, provisório, perecível
falível, transitório, transitivo
efêmero, fugaz e passageiro

eis aqui um vivo

impuro, imperfeito, impermanente
incerto, incompleto, inconstante
instável, variável, defectivo

eis aqui um vivo

e apesar
do tráfico, do tráfego equívoco
do tóxico do trânsito nocivo
da droga do indigesto digestivo
do câncer vir do cerne do ser vivo
da mente, o mal do ente coletivo
do sangue, o mal do soropositivo
e apesar dessas e outras
o vivo afirma, firme, afirmativo
"o que mais vale a pena é estar vivo"

não feito, não perfeito, não completo
não satisfeito nunca, não contente
não acabado, não definitivo

eis aqui um vivo

eis-me aqui

segunda-feira, outubro 09, 2006

eclipse solar, infograficamente falando

Esse texto é uma exigência da disciplina Oficina de Multimídia e Web Design. Fazer um texto sobre um infográfico escolhido por mim mesmo.

Desde criança ouço falar no tal do eclipse solar. Mãe, pai, tios sempre comentavam e perguntavam: hoje tem eclipse, você vai ver? Era algo que sempre me intrigou muito. Aquele curiosíssimo escurecimento durante o dia... Hoje, já mais ou menos adulto, acho que já sei o que é um eclipse (já consegui ver também!), mas esse infográfico (no link abaixo) descreve muito detalhadamente o processo.
Logo no início, a apresentação do infográfico, antes de carregar mesmo, já é bela a imagem: a janela toda em preto e duas elipses no centro. Uma, por baixo, em amarelo, mas com certos efeitos, representa o sol e suas frestas de luz a escaparem pelas beiradas. A outra, toda em preto, representa a lua tapando a luz solar.

Ao clicar em "pulse para continuar", de fato, abre o infográfico (animação). Sobre nova janela toda em preto, mas recheada de minúsculos pontos brancos, fica a nítida sensação de estarmos na Via Láctea. Daí três retângulos cor de prata, no canto esquerdo superior informam o que será apresentado no trabalho. Com um clique em qualquer deles, o efeito é garantido. Porém, as setinhas localizadas ao lado oposto, acompanhadas por uma espécie de "orientador", oferecem outro tipo de navegação, esta mais global, pois, gradativamente, abarca todas as etapas. Logo neste início há um texto, no alto, explicando a definição de um eclipse e a relação propícia entre a Terra e a lua para a realização do mesmo. Uma imagem do globo terrestre representa nossa planeta.
Vamos seguir. Ao clicar na setinha que representa o "play" e adentrarmos na próxima janela há novos textos explicando o eclipse, e novas imagens. Ao lado esquerdo central da página, uma elipse laranja-amarelada representa, obviamente, o sol. Ao lado direito central, estão mais duas elipses. A da Terra (que já estava lá) e uma pequenina (até para explicitar a diferença real de tamanho), entre as anteriores, para representar a lua. Aliás, entre o sol e a lua, um rastro cor de cinza representa o emanar dos raios solares à Terra e o efeito causado devido ao posicionamento da lua naquele instante.
Agora chega a parte da simulação. O fundo não é mais a Via Láctea e o ângulo de visão mudou. A explicação agora é muito mais didática mesmo. No canto esquerdo superior são simulados um horário e percentual do eclipse naquelas circunstâncias. Aí você pergunta, quais circunstâncias? Calma, calma. No centro, e agora olhando de frente e não mais panoramicamente, existem duas elipses. O fundo agora tem um azul, que representa (eu acho!) o céu. As duas elipses são o sol (a amarela, evidentemente, com um efeito maravilhoso que parece a real impressão que temos ao olharmos para a grande estrela) e a lua (a em preto).
Eu entendi que o azul da janela anterior, propositalmente, representava o céu, muito pelo que acontece nesta etapa. Aqui aparece o deslocar da lua para a frente do sol. Isso ocorre paralelamente ao desenvolver da hora e do percentual do eclipse, acrescentado, agora sobre em qual fase ele se encontra. Sim, para não me perder sobre o que falei no início do parágrafo, o azul fica mais escuro, já que a lua avançou, assim como ficaria o céu!
Mais uns passinhos da lua acompanhados pela e hora e percentual e chegamos a uma nova fase. O céu agora está completamente escuro, só umas frestas teimosas (muito bem feitas, por sinal!) insistem em aparecer, mas sem muita força. A lua está bem na frente.
É um momento raro e rápido. Apenas dois minutos depois, o céu recomeça a clarear. Oitenta e três minutos depois disso, o eclipse, praticamente se encerrou. Aqui a lua já atravessou os raios solares e não mais os impedem de chegar à Terra. O céu está bem azul de novo.
Nesta etapa, são apresentados os três tipos de eclipse, regados às imagens utilizadas durante todo o processo e muito texto. E para concluir, uma tela de advertência. Sob a simbologia, que suponho ser universal, do "X" (para proibir), são colocados vários aparelhos e instrumentos adequados e não recomendados para "mirar directamente al sol".

quarta-feira, outubro 04, 2006

página na web

Esse texto é uma exigência da disciplina Oficina de Multimídia e Web Design, lecionada por Mari + Fiorelli (é assim que ela assina suas mensagens, achei legal). É um relatório sobre os procedimentos adotados na criação de uma página na web. Ontem ela falou pra mim, assim que cheguei na sala, que tinha acabado de corrigir e o princicpal: que tinha adorado. Fiquei muito lisonjeado e resolvi postar.
Quando você disse, na última aula, que o relatório sobre o processo de construção da página não precisava se aprisionar às regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), tirou uma mala de 500 quilos das minhas costas. Há tempos eu esperava esse dia chegar, mas vou me policiar para não exagerar, pois já ouvi dizer que “tudo em exagero é prejudicial”.
Ainda antes de começar, devo assumir que não me prendi, neste relatório, a alguns detalhes, sem os menosprezar, é claro. Por exemplo: não comentei sobre que programa utilizei para construir a página, nem para tratar a imagem, nem como foi colocada no ar. Enfim, detalhes do mecanismo, não descrevi.
Pois bem. Coube a mim, desenhar a página da editoria “Modernidade/Tradição”, cujo texto intitula-se “Feirantes exigem melhor infra-estrutura”. Como nunca tinha criado nada, absolutamente nada na web, confesso que me assustei um pouco com a proposta. Porém, o ritmo e condução das aulas favoreceram a um alívio gradativo do meu pânico inicial.
Optei por um verde escuro na página de fundo. Antes havia testado e tentado empregar outra cor, mas decidi ficar com o “verdão”. O primeiro motivo disso foi o tema (infra-estrutura precária). Achei que o ideal seria uma cor fria, para dar mais veracidade ao texto. E verde. Por que verde? Posso até ter viajado demais, mas acho que o verde remete a mato, matagal, que deságua nas plantações, que, involuntariamente nos fazem lembrar dos principais produtos de uma feira: verduras, legumes e frutas. E também por já ter em mente que não usaria fotografias com imagens de quaisquer produtos desses gêneros. Sobre esse verde escuro inseri uma tabela com duas colunas, onde coloquei o texto, com fonte (arial) em branco, ao lado esquerdo, e uma fotografia (falo daqui a pouco), maior que o texto, ao lado oposto.
Nessa tabela apliquei um verde ainda mais escuro, mais forte que o outro (de fundo). Usei tom sobre tom, por insistir que o verde era uma cor ideal para o assunto e por não querer utilizar muitas cores diferentes. Tirei as bordas para dar um ar mais profissional e leve à página. A fonte em branco ofereceu a melhor leitura em contraste agradável com o verde. Mais em cima descrevi para qual editoria pertence o texto: “Modernidade/Tradição”. Está escrito em duas fontes, uma para representar “modernidade” (mais redondinha e contemporânea), e outra para representar “tradição” (parecida com aquela da máquina de datilografia). Estão, também, em branco, e sobre uma tarja cor grená. A escolha dessa cor foi, realmente, para combinar com o verde, mas sem perder a frieza.
Apresenta uma imagem degradante da feira: aves amontoadas em cubículos gradeados ficam à mostra a transeuntes, atentos ou não. Vários objetos e sacos espalhados pelo local sujo e desorganizado, e o desdém do comerciante a tudo e todos, apresentam a real situação sugerida pelo texto. Antes de estampar na página, passeou pelo PhotoShop. Nesse programa recebeu um tratamento de matização para fugir daquele colorido tradicional e buscar um tom mais próximo do “preto e branco”. O objetivo é enfocar no motivo (infra-estrutura atrasada) e não em detalhes que possam desviar a leitura imagética. Foi incluída também uma mancha verde (que não é a torcida do Palmeiras!), cujo objetivo era colocar sobre a foto como plano de fundo do título do texto. Resolvi apresentar o texto do lado esquerdo, mas seu título do lado direito e sobre a imagem.
Os elaboradores dos trabalhos (texto e web design) ficaram distribuídos de uma maneira discreta. O colega que fez o texto, que recebeu mínimas edições (diferentemente do relatado pelos outros colegas), teve seu nome, em letras miúdas, descrito acima do seu próprio texto, mas fora da tabela. Por isso ele leva a cor mais escura de dentro da tabela, todo em minúsculo (propositalmente para dar mais “estilo”), apenas com as iniciais em grená, a cor da tarja da editoria. O mesmo acontece com o meu nome. Colocado ao final do trabalho, alinhado à direita e fora da tabela. Está sob as mesmas características do nome do repórter.
A conclusão, vou relatar em apenas um parágrafo. Acredito chegar ao final apresentando um trabalho pouco profissional, mas exercido com muito zelo e honestidade. Afinal poderia chegar em casa, com o auxílio de alguém que soubesse mais e incrementá-lo. Mas, nesse caso, estaria enganando não a você, mas a mim. E Renato Russo já disse: “Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira”. Baseado no jargão de que menos é mais, o trabalho ficou como ficou: um tanto
amador mas bem sincero.

Endereço: http://br.geocities.com/feiradesaojoaquim/infraestrutura.htm

sábado, setembro 30, 2006

infinito particular

Recentemente, Marisa Monte lançou dois discos de uma vez no mercado. Havia mais ou menos 5 anos que ela não gravava um disco. Mas quando esse dia chegou, foi com direito a bis. Já tenho a dupla de CD's e realmente são dignos da artista. Permanecem as bem sucedidas parcerias com Brown e Arnaldo Antunes e vai além. Tem composições de Adriana Calcanhotto, Pedro Baby (filho de Pepeu e Baby), Seu Jorge, Nando Reis e até Marcelo Yuka (ex-Rappa). São de primeira linha. E eu queria destacar e postar aqui a primeira canção do disco "Infinito Particular" (o pretão!), pois encontrei, na primeira audição, uma perfeita sintonia comigo. A música é homônima ao título do disco e foi composta pelo trio: MM/AA/CB.
P.S.: a música está grafada no feminino, mas não cometi a bobagem de convertê-la para o masculino para provar que sou macho! Não careço disso.


eis o melhor e o pior de mim
o meu termômetro, o meu quilate
vem, cara, me retrate
não é impossível
eu não sou difícil de ler
faça sua parte
eu sou daqui e não sou de Marte
vem, cara, me repara
não vê, tá na cara, sou porta-bandeira de mim
só não se perca ao entrar
no meu infinito particular
em alguns instantes
sou pequenina e também gigante
vem, cara, se declara
o mundo é portátil
pra quem não tem nada esconder
olha minha cara
é só mistério, não tem segredo
vem cá, não tenha medo
a água é potável daqui
você pode beber
só não se perca ao entrar
no meu infinito particular

sexta-feira, setembro 29, 2006

maria bethânia


Falar de Bethânia, para mim, é indescritível. Nem tem como me estender nessa introdução, pois ela, de fato, dispensa apresentações.

Não só cantar, mas cantar e dramatizar. Interpretar. Dar realismo e veracidade às canções, aliadas à literatura e poesia nacionais. Esses são traços inerentes ao trabalho de Maria Bethânia. Tem na voz grave e vigorosa sua maior arma. Seu repertório mergulha, amplamente, no cancioneiro brasileiro. Ele percorre por compositores variados (de Noel Rosa a Carlinhos Brown) e tem uma seleção muito própria (ela diz que só grava o que lhe deixa emocionada). Tais peculiaridades são subsídios para colocá-la no patamar de maior diva do cenário musical brasileiro.
Seu nome foi sugestão do irmão, Caetano Veloso. Ele era impressionado com a canção do pernambucano Capiba, cujo título era “Maria Bethânia”. A prima-dona da música nacional nasceu em Santo Amaro da Purificação, cidade do recôncavo baiano. Ainda adolescente veio para Salvador, acompanhada por Caetano, para concluir os estudos. Todavia, a ebulição cultural que imperava na capital baiana logo a deixou seduzida.
Exatamente no dia 13 de fevereiro de 1965 iniciava-se o ofício (palavra que ela mesma gosta de empregar) de Maria Bethânia. Substituiu Nara Leão no célebre show “Opinião”, interpretando a música “Carcará”, de João do Valle, e não mais desceu dos palcos. A partir daí, Bethânia despontou para o universo musical do Brasil. Já cantou em parceria com Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, João Gilberto, Roberto Carlos e muitos outros.

A cantora baiana ficou marcada, ao longo da carreira, como uma das maiores intérpretes, especificamente, de três compositores: Chico Buarque, Gonzaguinha e Caetano Veloso. Porém, seu último trabalho foi inteiramente dedicado ao poeta e compositor Vinícius de Moraes, por quem tem profunda veneração. O CD, intitulado “Que falta você me faz”, abocanhou a estatueta de melhor disco no Prêmio Tim de Música 2006. O mesmo ocorreu com o espetáculo “Tempo, Tempo, Tempo, Tempo”, referente à turnê do disco, que ganhou como melhor DVD, e com ela própria, vencedora na categoria melhor cantora.
Em 18 de junho deste ano, Bethânia completou 60 anos de idade e, ao invés de ganhar, deu um estupendo presente aos admiradores. As gravadoras por onde ela passou se uniram (algo inédito no país) e lançaram todos os seus discos, inclusive os que estavam fora de catálogo, em CD. Eles chegam ao mercado com encartes especiais, recheados de informações adicionais. Foram resgatadas e preservadas (na medida do possível), também, as ilustrações originais. Enfim, produtos que fazem jus à artista, para fã nenhum botar defeito.

P.S.: Em novembro serão lançados, simultaneamente, dois novos discos de Bethânia: “Pirata” (uma homenagem às águas doces) e “Mar de Sophia” (uma homenagem às águas salgadas).


fonte: www.mariabethania.com.br

o rappa

O grupo O Rappa surgiu há 12 anos, no Rio de Janeiro. A voz rouca e viril do vocalista Marcelo Falcão, aliada a letras de rebeldia e repúdio às distinções políticas, econômicas e sociais do Brasil, são marcas inconfundíveis da banda. Sua sonoridade instigante, suingada e indefinível faz o grupo transitar, sem dificuldade, entre alternativo e popular, absorvendo em seus shows um público de várias tribos. A formação atual é Marcelo Falcão, Xandão, Marcelo Lobato e Lauro Farias. O compositor Marcelo Yuka decidiu abandonar a trupe, a partir de 2001, devido a uma incompatibilidade ideológica das suas composições em relação aos outros integrantes. Possuem 6 discos lançados ao longo da carreira, uma média de 1 a cada 2 anos. Tais números apontam para um louvável desdém dos rapazes à sedenta indústria fonográfica. Ainda assim, a fidelidade do seu público faz d’O Rappa um considerável vendedor de discos. As cantoras Maria Rita e Vânia Abreu regravaram a canção “Minha Alma (A paz que eu não quero)”, em seus últimos álbuns. Essa situação demonstra a dimensão que vem alcançando o trabalho d’O Rappa. O seu leque de admiradores é ampliado por nomes como Zeca Pagodinho e o grupo Cidade Negra. Esse crescimento do conjunto carioca, em parte, vem do fervor espontâneo das suas apresentações ao vivo. A dedicação, principalmente do vocalista Falcão, é algo metafísico. Segundo crítica do jornal O Globo (agosto/2001), “desde a Legião Urbana que não aparecia uma banda tão sintonizada com os corações e as mentes dos brasileiros”.

quinta-feira, setembro 28, 2006

gal costa


Gal teve motivo lógico. O texto rodou dia 27/09 (só sai às quartas-feiras) e já tínhamos pesquisado e descoberto que ela teria completado, no dia anterior, 61 anos de idade. Foi esse o motivo!

Em 1979, Roberto e Erasmo Carlos escreveram uma canção, cujo título era: “Meu nome é Gal”. A conhecida dupla de compositores referia-se e dedicava a música a uma cantora baiana chamada Gal Costa. Já nessa época, seu tom inigualável devido a um potente agudo na voz, agraciava os ouvidos dos brasileiros. Batizada Maria da Graça Costa Penna Burgos, nasceu na cidade de Salvador, na Bahia, em 26 de setembro de 1945. Aos 20 anos de idade iniciou sua carreira. Assinava ainda como Maria da Graça, quando participou de uma faixa no primeiro disco de Maria Bethânia, cantando, muitíssimo bem, “Sol Negro”, de Caetano Veloso. Em seguida gravou um compacto (pequeno disco contendo duas faixas e, há tempos, extinto pela indústria fonográfica) com as canções “Eu vim da Bahia”, de Gilberto Gil e “Sim, foi você”, de Caetano Veloso. O primeiro disco da sua carreira foi em parceria com Caetano, em 1967, já como Gal, intitulado “Domingo”. No ano seguinte adere ao movimento tropicalista, em solidariedade ideológica aos parceiros e conterrâneos Caetano e Gil. Considerada um ícone feminino por transgredir as convenções do momento, lança seu primeiro LP individual, enfim como Gal Costa, em 1969. As décadas seguintes serviram para sedimentar a imagem de Gal Costa. Uma intérprete ímpar e de cantar inebriante. Ajudou a apresentar ao Brasil, compositores como Luiz Melodia, Moraes Moreira e Djavan, e o poeta baiano Waly Salomão. Durante a carreira homenageou outros grandes autores musicais do país em discos inteiros, como Dorival Caymmi, Tom Jobim e Caetano (o mais gravado da sua carreira) e Chico Buarque, estes no disco “Mina D’água do meu Canto”, de 1995. No seu mais recente CD (“Hoje”), gravou compositores novíssimos e, até então, inéditos na sua carreira, como os baianos Péri, Tito Bahiense e Moisés Santana. Gal Costa sempre buscou, na elaboração dos seus discos e escolha de repertório, aquilo que soasse original, genuíno. Essas e outras características a fazem compor, junto com Dalva de Oliveira e Ângela Maria, Elis Regina e Maria Bethânia, o panteão das maiores vozes femininas brasileiras de todos os tempos.

vânia abreu

Não pré-estabelecemos critérios para a escolha de Vânia Abreu para compor o 1/2 Hora de Música. Somente o simples fato de ela ser show de bola!


Radicada em São Paulo, mas natural de Salvador, Vânia Abreu começou sua carreira cantando em bares da capital baiana. No início utilizava o sobrenome Mercury (originalmente Mercuri, oxítona), o mesmo da irmã famosa. Porém, buscando independência e autenticidade artística, optou por empregar o Abreu. Aliás, em uma das apresentações nas noites da cidade, foi convidada a ser backing vocal do cantor e compositor Gerônimo. Depois dessa experiência, montou a banda Biss. Porém, mesmo após as apresentações em carnavais e para grandes multidões, ainda não estava realizado seu maior objetivo profissional.
Em busca de outros caminhos e panoramas na profissão, desembarca, com a cara e a coragem, na capital paulista. Nessa época surgia uma renovada safra de artistas, e Vânia fazia parte da chamada “nova MPB”. O primeiro disco, lançado em 1995, emplacou sucessos como “As quatro estações”, uma parceria de Maurício Gaetani, Ary Sperling e Cláudio Rabello, e “Templo”, cujo autor é o paraibano Chico César.
O segundo disco saiu em 1997, intitulado “Pra mim”. É nesse trabalho que Vânia interpreta magistralmente a belíssima canção “Dó de mim”, do cantor e compositor baiano Péri. Mas a grande alavanca da carreira-solo dela ocorreu com o lançamento do terceiro CD, denominado “Seio da Bahia”. A diversidade musical desse trabalho proporcionou-lhe reconhecimento nacional. A faixa homônima ao título conta com a ilustre e carinhosa participação de Daniela Mercury.
Por se considerar sem tribo ou rótulos musicais, batizou seu 4º CD como “Eu sou a multidão”, cuja fotografia principal retrata, paradoxalmente, um calçadão deserto, em plena luz do dia, no centro de São Paulo. Nesse álbum percebe-se uma intérprete mais madura e consciente de sua capacidade (é uma das preferidas da cantora Maria Rita). Destaques para a regravação da canção “Minha Alma (A paz que eu não quero)” do grupo carioca O Rappa e a gravação da gostosa “Pra falar de amor”, dos compositores Tenison Del-Rey e Paulo Vascon.
Uma detalhada e aprofundada pesquisa sobre as canções brasileiras que dialogam com o nosso carnaval. Essa é a ênfase do seu mais recente CD. A paternidade do disco é dividida com o seu marido, o cantor e compositor paulista Marcelo Quintanilha. Assumidos fãs da maior festa popular do planeta, escolheram meticulosa e cronologicamente o repertório. Vânia empresta seu cantar suave e penetrante a composições que vão de Ary Barroso a Benito de Paula, Vinícius de Moraes a Carlinhos Brown, sem esquecer Gil, Caetano e Chico. Dentro desse universo, “Pierrot e Colombina” (título do disco) retrata a gama de sentimentos que permeia o carnaval com arranjos envolventes e muitíssimo bem elaborados.

cordel do fogo encantado

Esse texto é produto das minhas atividades como estagiário no Colégio Módulo. Existe um informativo semanal distribuído na Escola, chamado 1/2 Hora de Música. Desde que comecei o estágio, recebi a incumbência de dar prosseguimento ao projeto. Escolhemos o Cordel do Fogo Encantado, pois à época em que ele foi distribuído (o folheto, é claro!) eram as comemorações da semana do folclore no Módulo. Precisávamos de algo na música relacionado ao folclore e entendemos que tivesse a ver.

P.S.: sempre que notarem o nome de alguma banda ou artista no título, refere-se a isso.

Uma verdadeira fusão de música, teatro e poesia. A banda pernambucana Cordel do Fogo Encantado, nascida no final da década de 1990, a partir de um espetáculo teatral, é compreendida sob essas características. Surgiu na cidade de Arcoverde (entrada do sertão de Pernambuco) e é composta por cinco jovens: Lira Paes, Clayton Barros, Emerson Calado, Nêgo Henrique e Rafa Almeida.
Tendo como base musical a força percussiva, adota uma salada rítmica que vai desde samba de coco, reisado e candomblé ao toré indígena. Outra marca do grupo é o lirismo das suas composições, que ganhou projetividade ao mesclar-se com o rufar dos tambores. Essa junção colocou a música como expressão maior do conjunto.
A condição de revelação da música brasileira no início do ano 2000, aconteceu após apresentação no carnaval pernambucano. Eles conquistaram o público e a crítica. O Cordel do Fogo Encantado encanta pela sua originalidade e pela ousadia de misturar suas letras-poemas entre verdade e entretenimento, divino e mundano, elementos sonoros e literários, batuque e poesia declamada.
Os componentes da banda são pós-adolescentes que sofreram influências da literatura de cordel, festas populares típicas da região, mas também de hard core e rock and roll. Podem ser definidos como um retrato do Brasil, por trazerem na sonoridade elementos de repentistas, cantadores e indígenas, por tornarem macro o que, a princípio, soava regional.
A forte noção de espetáculo aliada ao fervor da percussão seca transformam as aparições do grupo em algo transcendente. Quem assistir a uma apresentação, gostando ou não, jamais sairá incólume. A entrega dos artistas é extremamente contagiante. Após Chico Science e sua Nação Zumbi desbravarem os manguezais brasileiros, o Cordel do Fogo Encantado é o maior surgimento da cena musical pernambucana.

Fonte: http://www.cordeldofogoencantado.com.br

vamos comer feijão... com arroz!

Esse texto foi escrito por exigência da disciplina Jornalismo Especializado I, lecionada por Zeca Peixoto. Ele pediu que fizéssemos um comentário sobre qualquer tema ligado à economia. Não gosto e nem sei muito do assunto, mas sabe que gostei do meu texto? Ele ainda vai corrigir. De acordo com as retificações que fizer, também alterarei no blog.

Nem tudo está perdido. Há uma luz no fim do túnel. Veja por que. É sabido que o mercado brasileiro ainda ostenta uma carga pesada de desempregados. Nas 6 maiores regiões metropolitanas do país, há mais de 2,4 milhões de seres humanos em busca do almejado emprego e mais de 8 milhões sem laborar, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Uma situação pouco animadora. Em contrapartida, desde 2004, mesmo que pelejando, há um processo evidente de recuperação da economia do Brasil. Basta reparar no número de contratações formais e informais, por exemplo, no último verão, nas grandes regiões brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre e Recife). Superou o número de demissões em mais de 1 milhão. Aliás, a taxa de desemprego vem cumprindo sua tendência: recuou. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, passou de 10,7% nos últimos dois meses, para 10,6% em agosto. Em São Paulo, maior metrópole da nação, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgada nesta terça-feira (26) pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a taxa caiu para 15,9%. O menor índice dos últimos 9 anos.
Esse texto não tem a finalidade de enaltecer a hipocrisia, mas a situação de emprego e renda, no país, já mergulhou em águas mais turvas. Se grandes corporações já consideram inglês fluente, MBA e cursos de especialização não mais como adjetivos interessantes, mas como exigências, há discrepâncias no mercado empregatício. Empresas como as redes de supermercados GBarbosa e Hiperideal (genuinamente baiana e pertencente aos donos do extinto Peti Preço), que empregam, de fato, centenas de indivíduos, adotam uma tática peculiar. Como pré-requisito ao candidato não exigem a “idade padrão” (18 a 25 anos), nem a tão crucial experiência profissional. A lógica adotada pelos empresários consiste na eliminação de ranços maléficos adquiridos em outras instituições. Eles oferecem treinamento completo e adequam o funcionário aos seus moldes. Daí vão dizer: “é preciso dominar outro idioma para trabalhar como caixa ou repositor em supermercados?”. Claro que não. Porém, a briga constante (e saudável ao consumidor) entre lojas de varejo em Salvador, como Insinuante, Ricardo Eletro e, mais recentemente devido à inauguração de grandes magazines, Romelsa, comprova uma hipótese. O grande veio do mercado consumidor, que faz rodar a economia do país, é o proletário brasileiro, é o assalariado de baixa renda. Quanto mais e mais estiveram trabalhando, melhor. A economia agradece.
A recuperação econômica do Brasil deve muito ao mercado interno, em função do aumento do consumo das famílias. Empregos estão sendo engendrados, também, além do comércio (primeiro lugar, com 19% do total), em indústrias de alimentação, bancos, e empresas de call center. Estas, em Salvador, quebram recordes. Das mais de 50 mil vagas originadas no país, cerca da metade pertence à capital baiana, segundo dados da Associação Brasileira de Telesserviços (ABT). Tudo é call center. Às vezes, inegavelmente, incomoda, é chato. Porém, contribui para o desenvolvimento da economia brasileira. São milhares de pessoas ingressas no mercado, principalmente estudantes de nível médio e universitário. Diga-se, de passagem, que as duas maiores empresas de call center do país possuem unidades em Salvador. Diluindo em números, a Contax gera, aproximadamente, 6 mil empregos em Salvador e a Atento Brasil, mais de 5 mil. Em todo o país, o setor emprega 630 mil pessoas, com perspectivas de criação de mais 35 mil postos de trabalho, segundo a ABT. Há, sim, que se comemorar. Ao futuro, segundo especialistas, está projetado um cenário de crescimento médio anual de 3,4% até 2012. A redução dos trabalhos precários (bicos) e o considerável acréscimo do salário mínimo, influenciaram e impulsionaram a economia, mesmo representando uma coronhada na cabeça das micro e grandes empresas. Mas quem consome e paga juros e mais juros é o povão. É na massa consumidora que está o filão. Certo que 350 reais não é salário digno, honroso. A situação ainda está manca, mas já capengou mais. Não dá pra cumprir a constituição (bendita constituição!): todo cidadão tem direito a alimentação, saúde, lazer e blá, blá, blá...
O título deste texto remete a uma longínqua canção do Caetano Veloso, mas para finalizar, recorre-se aos Titãs, que já perguntaram: “você tem fome de quê?”. E eles mesmos responderam: “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão, balé”. Lentamente, estão sendo dados alguns passinhos. Na mesa já dá para colocar o principal, e com complemento.

mexa-se



Me veio na cabeça essa frase. Certamente devido a essa iniciativa minha de acompanhar o sistema, pois acho que demorei para criar esse blog. Reflita:

"Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar" (Chico Science).

a canhota mágica

Esse primeiro texto (abaixo) foi um pedido do meu irmão, Daniel. Ele estuda Educação Física e precisava, à época (pois já tem alguns meses), de um texto baseado em um DVD, produzido pela revista Placar, sobre Maradona (apesar disso, tal texto não é interessante só pra quem gosta de futebol, pois trata-se de uma biografia, mas nesse caso, uma minúscula biografia do grande astro Diego Maradona!) e me pediu para elaborar. Ele sabe da minha admiração pelo cara, por isso as informações fluíram com tesão.

Nos arrabaldes de Buenos Aires, em 30 de outubro de 1960, nasceu Diego Armando Maradona. O fato de ser de origem pobre ajudou-lhe a valorizar mais as conquistas e enfrentar com franqueza os percalços de uma vida conturbada. Ainda com três anos de idade, ganha um presente que se torna inerente a sua trajetória profissional: uma bola, com a qual ele dormira abraçado e iniciara uma íntima relação.
Com 10 anos de idade, quando ainda jogava e já abrilhantava os péssimos campos de várzea da região, foi convidado a participar do Cebollitas, formação infantil do time Argentino Juniors. Exatamente há 10 dias para completar 16 anos, “el pibe de oro”, como era conhecido, estreou no Argentino Juniors, por onde permaneceu durante cinco temporadas. Mesmo contra uma ovação pública, não foi convocado para a Copa do Mundo de 1978 (quando ainda tinha 17 anos) realizada na própria Argentina. Seus dribles desconcertantes e precisos, entretanto, ajudaram-lhe a conquistar, pelos juvenis da seleção argentina, o título mundial de 1979, disputado no Japão.
É contratado pelo seu time de coração: o Boca Juniors. Maradona, então com 21 anos de idade, sagra-se campeão nacional. Sua identificação com a equipe mais popular do país foi tamanha que ele se tornou uma espécie de símbolo do clube. A essa altura Diego Armando já era maior astro do futebol mundial. O Barcelona, tradicional time espanhol, manifesta interesse na aquisição do craque argentino. Devido a dificuldades financeiras, o Boca cede às investidas do clube catalão e vende seu diamante, que promete um dia voltar.
Assina o novo contrato em junho de 1982. Contudo, antes da sua estréia no Barcelona, veio a Copa do Mundo deste ano, ocorrida na Espanha. Não conseguiu produzir, a partir das oitavas-de-final, o que se esperava dele. Uma forte e violenta marcação do escrete italiano inibiu Maradona de fulgurar na partida. Contra a Seleção Canarinho, idem. Após uma entrada impetuosa no defensor brasileiro Batista, foi expulso de campo na derrota e desclassificação argentina.
Após a Copa e há menos de dois meses para completar 22 anos de idade, faz sua estréia no clube europeu. O argentino tinha o objetivo de fazer jus ao investimento do time da Catalunha, mas no início da temporada uma hepatite o afastou dos gramados. Apesar de ter brindado o mundo com jogadas e gols espetaculares vestindo a camisa do Barcelona, o craque diz se sentir só, perseguido e até discriminado nas terras espanholas. Os 58 jogos e 38 gols marcados podiam ter se ampliado, caso Maradona não fosse obrigado a ficar ausente da profissão por longos 106 dias. Em setembro de 1983, após uma veemente entrada que sofreu, teve um dos tornozelos fraturado. Despediu-se do Barcelona, sem títulos, em maio de 1984.
A carência de títulos seria saciada a partir da sua chegada ao Napoli, da Itália, em julho de 1984, por onde ficou durante sete anos. Diferente de Barcelona, foi agraciado e adotado por toda a cidade italiana de Nápoles desde o início. Em troca, correspondeu mudando e marcando a história do time e da cidade napolitanos para sempre. Foi como jogador do Napoli que conquistou a Copa do Mundo de 1986 pela sua Argentina, realizada no México. No auge da carreira, aos 25 anos de idade, comandou a seleção argentina rumo ao título. Antes do torneio ele disse que seria a sensação da Copa. A profecia se concretizou: ele realmente foi soberbo!
Apesar de acanhado na estatura, Diego Maradona era incomensurável na arte da bola. Protagonizou partidas inesquecíveis na Copa de 86, porém nenhuma como aquela contra a Inglaterra. “La mano de Dios”, essa é a definição do craque para o 1º gol contra os ingleses. Minutos após tal façanha, Dieguito provou ser, de fato, excepcional ao marcar o gol mais bonito da história dos mundiais. O craque, no sentido mais literal da palavra, recebeu a bola ainda em seu campo, próximo à linha que divide o gramado e cercado por três ingleses. Vale interromper para lembrar o patriotismo argentino (característica, aliás, típica dos latinos, exceto dos brasileiros), já que ele conduzia seu país, ainda ferido pela derrota na guerra das Malvinas. Com um giro sobre o próprio corpo, livra-se dos primeiros adversários, em um ato que, regido por ele, parece bem fácil. Sempre sob o comando exclusivo do prestigiado pé esquerdo, com leves toques na redonda, cabeça erguida, corpo em prumo e dribles objetivos, ele consegue deixar mais três oponentes ao léu. Após o mais absoluto desespero contido na saída do arqueiro, o gênio finta também este para, caindo, empurrar a bola às redes vazias.
Após o título e consagração na Copa do México, regressa à Itália e ratifica tal ato. Pelo time napolitano é sublime e conquista os inéditos nacionais de 1987 e 1990 e também o único torneio internacional do clube: a U.E.F.A de 1989. Maradona atesta a condição de melhor do planeta e parte para sua 3ª Copa do Mundo, em 1990. Ironia ou não do acaso, realizada na Itália. Em mais uma peça pregada pelo destino, os argentinos enfrentam os próprios italianos em jogo eliminatório. Sem o apoio dos torcedores napolitanos, mesmo após pedido de Diego, a Argentina despacha a Itália em cobranças de pênaltis. Em nova final entre alemães e argentinos, os germânicos se deram melhor: 1x0.
Devido à falta de diplomacia durante a Copa e algumas atitudes indisciplinares de Dieguito, o clima entre ele e o Napoli muda após o torneio mundial. O casamento está chegando ao fim. O cúmulo ocorre em março de 1991 (ainda com apenas 30 anos), quando Maradona é punido em razão de um exame antidoping com resultado positivo. Ele é suspenso por 15 meses e deixa a Itália. Iniciava-se a decadência do craque.
Já sem a resplandecência de outrora, estréia no Sevilla, da Espanha, às vésperas de rematar 32 anos. Em apenas oito meses de estadia e oito gols assinalados, despede-se do time espanhol. Na data de seu 33º aniversário, após regresso a sua terra-natal, estréia no modesto Newell’s Old Boys. Foi uma passagem relâmpago e sem expressividade, característica destoante do famoso “pibe de oro”. Nenhum gol marcado nos cinco jogos em que atuou. O consumo de drogas, a essa altura, é a maior especialidade dele.
Mesmo com a queda de rendimento considerável na década de 90, o craque não perde a pompa e o amor a sua seleção. Alça vôo aos Estados Unidos, em 1994, rumo a participar da sua 4ª e derradeira Copa do Mundo. Breve participação, aliás. Ainda nos jogos classificatórios, ao contrário do que imaginavam os críticos, faz excelente partida e belo gol contra a Grécia, na vitória do selecionado argentino. É sorteado para o exame antidoping. A saída do gramado estampando um sorriso maroto e de mãos dadas com a representante da operação, não ameniza a veracidade do fato. Maradona foi banido da Copa, em virtude da presença de Efedrina (substância excitante absorvida irregularmente) encontrada em suas excreções.
Acima do peso e longe de encontrar o esplêndido futebol dos tempos áureos, cumpre a promessa e retorna ao Boca Juniors. Neste momento ele tem, praticamente, 35 anos de idade. Há exatos cinco dias para fechar 37, Diego Armando Maradona, lutando contra as drogas, despede-se definitivamente do futebol. Ainda que sensíveis problemas pessoais o afetassem e tivessem abalado sua carreira nesta década, a encerra com honras de rei e ídolo inesquecível da torcida. O último jogo foi uma coroada vitória sobre o rival River Plate, em pleno estádio Monumental de Nuñes.

textinho introdutório



Hoje, 28 de setembro de 2006, começa uma nova era. Não uma sonhada e concreta "nova ordem mundial", mas um mundo novo para mim. Estou inaugurando o meu blog. As postagens serão sobre temas variados, livres. Como já ouvi Maria Bethânia falar sobre os motivos que a fazem escolher essa ou aquela canção para o seu repertório: "basta me emocionar", disse. Pois é. Aqui não tem tema. Gosto de muita coisa e "gosto não se discute" (essa é do tempo que minha avó era gostosa, mas funciona, é vero!). Portanto, está aí para quem quiser apreciar.